Meu pai descansou. Não podemos a Deus reclamar. Viveu 82 anos e 10 meses na plenitude.
Não foi uma vida fácil. Tudo nela foi duramente conquistado, com extrema dedicação, invejável esforço pessoal e também muito talento.
Teve inequívoco sucesso em tudo que se propôs a fazer . Na Administração Pública, na advocacia, na academia. Não deixou missões incompletas. Há 6 meses lançou, com o entusiasmo de um garoto, a sua derradeira obra jurídica.
Superou todos os obstáculos que a vida lhe impôs. Em 1998, recebemos o diagnóstico de que não veria o nascer do novo século. Teria 2 anos de vida. Multiplicou por 10 o prognóstico.
Aires Barreto gostava da vida.
Faleceu no dia 1* de abril. Verdade ou Mentira?
VERDADE!
Estamos aqui para por ele rezar. Para pedir que já tenha sido acolhido por Deus. Para que esteja ao lado de sua esposa Beth, de seus pais João e Maria, suas irmãs Clarice e Marina, seus parentes e amigos que antes partiram.
MENTIRA!
Aires Barreto não morreu. Vive em seus livros, artigos e pareceres. Vive em suas aulas, palestras e conferências nas quais inebriou seletos auditórios, sempre com falas cuidadosamente urdidas e bem humoradas.
Vive no coração de seus amigos, muitos deles aqui presentes. Sobre amizade, guardava em sua mesa de trabalho texto do Padre Zezinho cujo trecho final aqui reproduzo:
"Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Mas se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu...Ser seu AMIGO já foi um pedaço dele.."
Aires Barreto vive no seio de sua família, orgulhosa e já muito saudosa de seu grande líder, do seu norte, do seu porto seguro. Em suas palestras, sempre fazia menção aos sermões de Padre Vieira. E com ele, encerro essa pequena oração:
"Quem fez o que devia, devia o que fez; e ninguém espera paga de pagar o que se deve. Se servi, se pelejei, se trabalhei, se venci, fiz o que devia ao rei, fiz o que devia à pátria, fiz o que me devia a mim mesmo”.
Descanse em paz, meu pai!